AUTORIA: João Marcos, um judeu. João é nome hebraico
que significa "graça de Deus". Marcos vem do latim e significa "martelo
grande".
O parecer favorável à autoria de João Marcos conta com o testemunho de
Papias, bispo de Hierápolis, conforme registro de Eusébio: "Marcos era
intérprete de Pedro." Escreveu de acordo com as informações e ensinos de
Pedro. Irineu diz que Marcos era discípulo de Pedro e escreveu em Roma.
Teríamos então nesse evangelho a mão de Marcos e a voz de Pedro.
Observe o resumo do evangelho no sermão de Pedro em At.10.36-43,
inclusive a ordem dos fatos.
CITAÇÕES SOBRE MARCOS
Mc. 14.51-52 – Supõe-se que o moço que foge nu seja o próprio Marcos. A
omissão do nome e a exclusividade da narrativa são elementos que levam
alguns comentaristas a julgarem que o autor está falando de uma
experiência pessoal.
At.12.12 – A casa de Maria, mãe de Marcos, era um dos locais utilizados
pelos apóstolos para suas reuniões em Jerusalém. Pedro, ao sair da
prisão, foi direto para lá, sabendo que encontraria os irmãos. Tal fato
demonstra a normalidade das reuniões cristãs naquela casa.
At.12.25 – Viagem de Marcos, com Paulo e Barnabé, de Jerusalém para Antioquia.
At.13.5 – Participação na primeira viagem missionária de Paulo (Selêucia, Chipre, Salamina).
At.13.13 – Enquanto Paulo vai para Perge, Marcos abandona a missão e volta para Jerusalém.
At.15.37-39 – Devido à deserção recente, Paulo não quis levar Marcos em
outra viagem, motivo pelo qual houve grande contenda com Barnabé, o qual
decide viajar com Marcos para Chipre.
O nome de Marcos não aparece mais em Atos dos Apóstolos. Evidentemente,
isso se deve ao fato de ter abandonado a equipe missionária. Entretanto,
as epístolas paulinas nos mostram que Marcos voltou a trabalhar com o
apóstolo Paulo. Parece ter havido um amadurecimento do jovem Marcos e o
perdão por parte de Paulo, o qual chega a fazer declarações positivas e
raras a respeito do companheiro de ministério.
Col.4.10 – Marcos encontra-se em companhia de Paulo na prisão em Roma.
Aquele que havia abandonado o trabalho cristão agora está em situação de
risco. Não estava preso mas se submetia ao risco de prisão estando
junto de Paulo. Este versículo apresenta diferença entre as versões
bíblicas. Em uma encontramos a informação de que Marcos era primo de
Barnabé. Outra nos informa que Marcos era sobrinho. Esta última versão
tem sido mais aceita.
II Tm.4.11 – Marcos estava com Timóteo em Éfeso. Paulo pede que ambos se
dirijam ao lugar onde ele se encontra, pois, de acordo com as palavras
de Paulo, Marcos lhe era "muito útil para o ministério."
I Pd.5.13 – Marcos encontra-se com Pedro na Babilônia. Há quem diga que
se trata de uma referência à cidade de Roma. Pedro se refere a Marcos
como filho. Tal tratamento tem sido normalmente entendido como uma
indicação de que Marcos era discípulo de Pedro, conforme escreveu
Irineu, ou ainda, que Marcos tinha se convertido pela pregação de Pedro.
Fm. 23-24 – Novamente Marcos aparece como cooperador de Paulo.
Observamos a relação estreita que Marcos teve com os apóstolos e outros
líderes da igreja primitiva. Por isso, ele teve acesso a fontes
primárias de informações sobre a vida de Cristo. Seu evangelho é,
portanto, um relato tomado diretamente das testemunhas oculares dos
fatos narrados.
A tradição cristã nos informa que Marcos foi para Alexandria, onde
fundou a igreja local, tornando-se bispo. Nessa mesma cidade seria
martirizado.
DESTINATÁRIOS – Cristãos gentios, provavelmente romanos. Alguns detalhes
do livro nos mostram que Marcos não estava escrevendo para judeus.
- Ao contrário de Mateus, ele não se preocupa prioritariamente em
demonstrar o cumprimento do V.T. Marcos explica termos aramaicos e
costumes judaicos nas seguintes passagens: 3.17; 5.41; 7.1-4,11 (corbã –
Hb.); 7.34; 10.46 14.36; 15.22,34. Informa a localização do monte das
Oliveiras em 13.3. Ele tem em mente destinatários que não possuíam
conhecimento desses elementos. Portanto, não eram judeus.
IDIOMA – O evangelho de Marcos foi escrito em grego. Alguns teólogos
argumentam a favor de um original em aramaico. Isto se deve à freqüência
de termos aramaicos no livro. Contudo, tal hipótese não foi comprovada e
não conseguiu grande aceitação.
DATA – Foi o primeiro evangelho a ser escrito. Data provável: ano 55. As
datações dos comentaristas oscilam entre os anos 50 e 69.
FONTE – Suas informações se originaram principalmente da pessoa de
Pedro. Hipótese não comprovada: existência de uma fonte complementar em
aramaico.
VERSÍCULO CHAVE: 10.45 – "Pois o próprio Filho do Homem não veio para
ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos."
LOCAL E CONTEXTO DO AUTOR – Marcos escreveu em Roma numa época de grande
perseguição à igreja e conflitos violentos. Tudo isso parece interferir
nas características do livro.
PALAVRA CHAVE: imediatamente (40x), ou "logo" dependendo da versão. "Em
seguida" também aparece com freqüência, indicando movimento constante e
urgente.
CARACTERÍSTICAS
Urgência, rapidez, texto simples, resumido, prático, vívido, dinâmico.
Conteúdo breve mas rico em detalhes. Demonstra testemunho ocular (de Pedro).
Mostra efeitos das palavras de Jesus sobre as multidões e os discípulos - 1.22-27; 2.12; 6.56 etc.
Marcos é mais narrativo. Apenas para fins de entendimento, vamos
comparar o livro de Marcos ao script de uma peça teatral, enquanto que
Mateus poderia ser comparado a um livro didático. Assim como o texto de
uma peça, encontramos em Marcos mais detalhes dos fatos observados.
Não tem ordem cronológica rigorosa, mas é mais ordenado do que Mateus.
Apresenta Jesus como servo (Compare com Filipenses 2.5-11).
Marcos apresenta apenas 4 parábolas (Mateus tem 15, e Lucas, 23). Conta
19 milagres (Mateus e Lucas tem 20). Enfatiza as obras e não as palavras
de Jesus. – 1.35-37; 3.20,21; 6.31-34.
Jesus, que foi apresentado por Mateus como rei, é apresentado por Marcos
como servo. Temo então um Rei-servo. Isso parece uma contradição.
Contudo, é a realidade. O rei Jesus se humilhou ao ponto de servir a
todo tipo de pessoas, chegando até a lavar os pés aos seus discípulos.
Tal contraste pode também ser observado em nossas vidas. Somos chamados
reis e sacerdotes (I Pd.2.9). Porém, não podemos deixar de ser servos
(Rm.6.18). Como disse Salomão: "príncipes como servos sobre a terra"
(Ec.10.5-7).
ESBOÇO
I – O Servo do Senhor prepara-se para servir – 1.1-13.
Sem genealogia – a ninguém interessa genealogia de um servo. Interessa sua capacidade para o trabalho.
Narrativas sobre João Batista, o batismo e a tentação de Cristo.
Em destaque: a necessidade de preparação para servir bem – o melhor para
Deus. Até mesmo a tentação, as provações, as dificuldades fazem parte
do processo de preparação do homem para o propósito divino.
II – O Servo do Senhor trabalha – (Não apenas teoria).
Na Galiléia – 1.14 a 9.50. Diante do seu trabalho surgem: oposição,
rejeição, perseguições. O servo serve, nada ganha e ainda é perseguido.
Na Peréia (Judéia) – 10.1-34. (Ao leste do Jordão) (Indo para Jerusalém).
Em Jerusalém (Judéia) – 10.35 a 13.37 (Entrada, purificação do templo, exortações, monte das Oliveiras)
III – O Servo do Senhor obediente até a morte – 14.1 a 15.47.
A palavra "até" inclui a idéia de perseverança, persistência.
Até onde iremos com o Senhor? Seguir a Jesus é muito bom enquanto ele
opera milagres, curas, multiplica pães e peixes. Porém, no meio deste
caminho existe uma cruz. Vida cristã não é apenas prosperidade e êxito. É
também renúncia e morte (Lc.9.23; Col.3.5). Sem morte não pode haver
ressurreição e sem ressurreição não haverá glória. "Sê fiel até a morte e
dar-te-ei a coroa da vida." Apc.2.10. "Aquele que perseverar até o fim
será salvo" Mt.24.13.
IV – O Servo do Senhor ressuscitado e recebido no céu – 16
A recompensa aguarda o servo no céu. Queremos recompensa aqui? Na terra temos algum adiantamento, mas não o nosso galardão.
POLÊMICA SOBRE O EPÍLOGO DE MARCOS.
O texto de Marcos 16.9-20 é apontado por alguns críticos como adição
posterior. Tal trecho é encontrado em alguns manuscritos e não em
outros. Contudo, verificou-se a presença desse versículos no manuscrito
mais antigo entre os que foram comparados. Sua ausência em alguns
manuscritos pode ter sido causada pelo próprio desgaste daqueles
escritos devido ao uso excessivo e à má conservação. Nessas condições é
compreensível que se perca a última página ou um pedaço final de uma
obra.
Sem o texto citado, o livro de Marcos terminaria de forma brusca em
16.8, o que não seria natural. Verifica-se em 16.20 um término mais
convincente. O versículo dá idéia de conclusão em que o autor termina
falando sobre a pregação do evangelho em toda parte.
COMPARAÇÃO COM ISAÍAS
Assim como Marcos apresenta Jesus com o servo, o profeta Isaías escreve
sua profecia referindo-se ao Messias como "O Servo do Senhor".
Exaltação: 52.13-15
Rejeição - 53.1-2
Dores - 53.3
Expiação - 53.4-6 -Referência evidente a Jesus. Qualquer servo do Senhor
poderia sofrer e morrer, mas só a morte de Cristo poderia ter valor
expiatório.
Sofrimento - 53.7
Morte - 53.8-9
Triunfo - 53.10-12 - Referência evidente a Jesus. Qualquer homem poderia
morrer, mas somente Jesus teria triunfo após a morte. A profecia
alcança então o tema ressurreição.
Fonte: http://estudosbiblicos.no.comunidades.net/index.php?pagina=1024449324
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