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ESTUDO DO EVANGELHO SEGUNDO MATEUS

AUTOR
Desde o segundo século da era cristã, a tradição da Igreja atribui ao apóstolo Mateus a autoria do Evangelho que aparece em primeiro lugar no Novo Testamento.

Eusébio de Cesaréia, em sua obra História Eclesiástica, do início do século IV, já trazia citações de Papias, bispo do século II, de Irineu, bispo de Leão e de Orígenes, grande pensador cristão do século II. Enfim, todos os pais da Igreja concordam em afirmar que este Evangelho foi escrito por Mateus. Afirmam também que este Evangelho foi escrito primeiramente em aramaico e depois traduzido para o grego. Apesar de muitas evidencias sobre a existência do original em aramaico, todas as buscas e pesquisas arqueológicas somente encontraram fragmentos e cópias em grego. Mesmo assim os principais estudiosos e teólogos do mundo não duvidam que o texto grego que dispomos hoje em dia é o mesmo que circulou entre as igrejas a partir da segunda metade do primeiro século depois de cristo.

QUEM ERA MATEUS
Mateus, que tinha por sobrenome Levi, e cujo nome significa “dádiva do Senhor” era cobrador de impostos em Cafarnaum a serviço do Império Romano, mas abandonou sua carreira profissional e uma vida de riquezas para seguir a Jesus (Mt 9.9-13). No Evangelho de Marcos e Lucas, Mateus é chamado de Levi. A única referencia que o autor faz a seu próprio respeito é chamar-se de “publicano”, termo pejorativo na época. Os outros evangelhos falam da grande festa que ele deu para Jesus e registram o fato significativo de ter deixado tudo para seguir o Mestre. E ele era sem dúvida um homem de recursos.

DATA E OCASIÃO
A natureza judaica do evangelho de Mateus pode fazer supor que tenha sido escrito na Palestina, embora muitos pensem que foi gerado em Antioquia da Síria. Alguns com base em suas características judaicas sustentam que foi escrito no período da Igreja Primitiva, possivelmente no começo da década de 50 d.C., quando a Igreja era em sua maioria composta por judeus e o evangelho era pregado quase que somente ao povo da Judéia. Os que dizem que Mateus aproveitou muitos trechos do Evangelho de Marcos atribuem-lhe data posterior. Por isso alguns acreditam que Mateus foi escrito no final da década de 50 ou no começo dos anos 60.

DESTINATÁRIOS E PROPÓSITO
Mateus pode ser considerado o Evangelho da transição, ou seja, é uma ponte que liga o Antigo ao Novo Testamento. Até por isso se entende que sua posição entre o Antigo e Novo Testamento, é estratégica.

Muitos elementos do livro de Mateus dão a entender que ele foi escrito para os judeus. Ele se preocupa muito com o cumprimento do Antigo Testamento usando a frase “para que se cumprisse”. Nesse Evangelho há mais citações e alusões ao Antigo Testamento do que qualquer outro dos escritores dos evangelhos. Ele inicia a genealogia de Jesus em Abraão, mostrando assim que Jesus era filho do pai da fé. Não perde tempo em explicações sobre costumes judaicos, ao contrário dos outros Evangelhos. Isso demonstra que ele escreveu para uma comunidade que conhecia esses costumes. Emprega a terminologia judaica “Reino dos Céus” e “Pai Celestial”, realça o papel de Jesus como filho de Davi (1.1; 9.27; 12.23; 15.22; 20.30,31; 21.9,15; 22.41-45). Mesmo assim não podemos dizer que Mateus restringiu seu evangelho aos judeus. Ele registra a visita dos magos do Oriente, para adorar o menino Jesus (2.1-12), bem como apresenta na íntegra a Grande Comissão (28.18-20). Esse texto revela que embora o Evangelho de Mateus seja judaico, sua visão é universal.

Mateus conhecia bem a história e os costumes judaicos. Nas sete parábolas do capítulo 13, ele fala sobre agricultura, pesca e hábitos caseiros do povo. Sabia que essas referências provocariam uma reação favorável dos judeus.

O propósito principal de Mateus é provar a seus leitores judeus que Jesus é o Messias por eles esperado. Seu método de narração consiste primordialmente em demonstrar que Jesus por sua vida, ministério, morte e ressurreição, cumpriu as profecias do Antigo Testamento. Mais do que qualquer dos outros evangelhos, ele cita com frequência o Antigo Testamento. Aparecem 29 citações. Em 13 delas, ele diz que o acontecimento se deu para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas.

Mateus nos liga com o Antigo Testamento. Em cada página ele procura relacionar o evangelho com os profetas e mostrar que todos os ensinos deles estão se cumprindo na pessoa de Jesus Cristo.

PROPÓSITO APARENTE
Mostrar que Jesus de Nazaré era o Rei Messias da profecia hebraica.

ESTRUTURA
Por meio de um chavão, o autor apresenta seu material numa disposição lógica e sistemática. Esses chavões são encontrados em cinco partes distintas de sua obra, a saber: 7.28; 11.1; 13.53; 19.1. 26.1: “Aconteceu que, concluindo Jesus este discurso...”. Examine minuciosamente o material que antecede estas palavras e logo verá que ele é compreendido de narrativa seguida de discurso. Portanto, essa disposição ordenada revela alguma estrutura proposital à sua obra.

Mateus deixa claro que deseja apresentar em ordem histórica os acontecimentos na vida de Jesus: nascimento, ministério, paixão e ressurreição. Para tanto ele reúne os fatos em cinco grandes discursos proferidos pelo Senhor: o chamado Sermão do Monte (5.1 a 7.27); a comissão aos apóstolos (10.5-42); as parábolas (13.1-53); o ensino sobre a humildade e o perdão (18.1-35), e a palavra profética (24.1 a 25.46). Mateus cita várias passagens e profecias extraídas do Antigo Testamento e, de fato, interpreta essas profecias como tendo absoluto e certeiro cumprimento em Jesus Cristo.

Essa divisão em cinco partes pode deixar prever, também que Mateus usou o Pentateuco como modelo da estrutura do seu livro. É ainda possível que esteja apresentando o evangelho como uma nova Tora. A comparação que ele faz entre Jesus e Moisés transparece em alguns momentos, como por exemplo, na versão de Mateus para o Sermão do Monte, o próprio Jesus apresenta seus ensinos numa série de afirmativas que ocorrem ao lado de trechos da Lei mosaica: “Ouvistes o que foi dito aos antigos...” segue-se uma citação do Pentateuco e depois: “Eu porém vos digo...” (5.21,27,31,33,38,43).

A GENEALOGIA DE JESUS
Mateus agrada seus leitores judeus ao começar seu evangelho com uma genealogia de Jesus que remonta ao Antigo Testamento, destaca Abraão, pai do povo judeu, e o rei Davi, protótipo do rei messiânico esperado pelos judeus, passa pelos descendentes régios de Davi e ressalta a identidade de Jesus como o Cristo. A comparação com o Antigo Testamento mostra que Mateus intencionalmente omite gerações de reis davídicos para obter três sequencias com catorze gerações cada uma. A ocorrência incomum de quatro mulheres na lista antes de Maria reforça as características judaicas com um elemento gentílico, pois elas eram gentias (Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba, apesar de Mateus não citar o nome dessa, preferindo citá-la como: “da que foi mulher de Urias”). Esses elementos gentílicos preconizam o discipulado de todas as nações no final de Mateus: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. (28.18-20).

O PROBLEMA SINÓTICO
Estudiosos em geral concordam que tanto Mateus quanto Lucas se apoiaram no evangelho de Marcos para escrever seus próprios evangelhos. Entretanto Mateus e Lucas não seguem Marcos em todos os detalhes relativos à ordem dos acontecimentos da vida de Jesus, ou a ordem de seus ensinamentos. Mateus e Lucas tem algum material em comum não encontrado em Marcos, mas aí eles também diferem um do outro na colocação disso dentro do ministério de Jesus.

Para entendermos a cronologia dos evangelhos, é importante notar que o próprio relato de Marcos não é um diário completo. João registra que Jesus visitou Jerusalém várias vezes durante um período de cerca de três anos, enquanto que em Marcos os acontecimentos são apresentados de maneira tal que parecem ter ocorrido no período de um ano, culminando com uma única visita de Jesus a Jerusalém. Em outras palavras, o Espírito Santo já havia guiado Marcos na seleção e na apresentação dos acontecimentos do ministério de Jesus de uma maneira particular.

Os evangelhos não apresentam apenas um quadro das atividades de Jesus, nem tampouco são apenas biografias técnicas e modernas, que seguem métodos desconhecidos em seus dias. Os três Evangelhos Sinóticos são escritas pessoais e complementares; não são três tentativas incompletas da mesma tarefa. São livros espirituais que juntamente com o evangelho de João, oferecem a todas as gerações Jesus Cristo, o Verbo encarnado.

ESBOÇO DE MATEUS

Prólogo: Genealogia e narrativa da infância 1.1-2.23
Genealogia de Jesus 1.1-17
O nascimento 1.18-25
A adoração dos magos 2.1-12
Fuga para o Egito e matança nos inocentes, a volta para Israel 2.13-13

I. Parte um: Proclamação do Reino dos Céus 3.1-7.29
Narrativa: Início do Ministério de Jesus 3.1-7.29
Discurso: O Sermão da Montanha 5.1-7.29

II. Parte Dois: O ministério de Jesus na Galiléia 8.1-11.1
Narrativa: Histórias dos dez milagres 8.1-11.1
Discurso: Missão e martírio 9.35-11.1

III. Parte Três: Histórias e parábolas em meio a controvérsias 11.2-13.52
Narrativa: Controvérsia que se intensificam 11.2-12.50
Discurso: Parábolas do Reino 13.1-52

IV. Parte Quatro: Narrativa, controvérsia e discurso 13.53-17.27
Narrativa: Vários episódios precedentes à jornada final de Jesus em Jerusalém 13.53-17.27
Discurso: Ensino sobre a igreja 18.1-35

V. Parte Cinco: Jesus na Judéia e em Jerusalém 19.1-25.46
Narrativa: A jornada final de Jesus e a instauração do conflito 19.1-23.39
Discurso: Os ensinos escatológicos de Jesus 24.1-25.46
A narrativa da Paixão 26.1-27.66
A narrativa da ressurreição 28.1-20

FONTES:
Bíblia de Estudo de Genebra – Sociedade Bíblica do Brasil
Bíblia de Estudos NVI – Vida
Novo Testamento King James – Edição de Estudos – Sociedade Bíblica Ibero-Americana
Módulo de Teologia – FTB – Betesda
Estudo Panorâmico da Bíblia – Vida
Panorama do Novo Testamento - Vida Nova

http://www.santovivo.net/gpage293.html

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